quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Te desejo o suficiente...

No aeroporto, ouvi por acaso um pai e uma filha em seus últimos momento juntos. Foi anunciada a partida do avião, e próxima a porta ela disse:
- Papai, nossa vida juntos foi mais do que o suficiente. Seu amor é tudo o que sempre precisei. TE DESEJO O SUFICIENTE, também, Papai!

Beijaram-se despedindo e ela partiu. Ele andou em direção a janela a qual eu estava sentado. Ficando onde eu poderia ver que ele queria e precisava chorar.

Tentei não entrar em sua privacidade, mas ele me cumprimentou perguntando:
- Você já disse tchau pra alguém sabendo que seria um adeus?
- Sim, eu já, respondi, trazendo de volta as memórias que tinha da expressão do meu amor e apreciação por tudo o que meu Pai fez por mim.

Reconhecendo que seus dias eram limitados, eu tomei um tempo para dizer face a face o quanto ele significava pra mim. Então eu sabia o que aquele homem estava passando.

- Desculpe minha pergunta, mas por que foi um adeus? Perguntei.
- Eu estou velho e ela vive muito longe. Eu me recuso aceitar, mas a realidade é que sua viagem de volta será para o meu funeral. Disse ele.
- Quando vocês estavam se despedindo, eu ouvi te ouvi dizer
'TE DESEJO O SUFICIENTE'. Posso te perguntar o que isto significa?

Ele começou a rir.
- É um desejo que vem sido trazido de outras gerações. Meus pais costumavam dizer a todos.

Ele deu uma pausa, olhou para cima como se quisesse lembrar com detalhes. Sorriu ainda mais.
- Quando dizemos 'TE DESEJO O SUFICIENTE', esperamos que a vida da outra pessoa seja repleta de suficientes coisas boas para sustê-las.

Ele continuou, virando-se pra mim e compartilhou as sentenças recitando da memória:
Te desejo sol o suficiente para manter suas atitudes brilhantes;
Te desejo chuva o suficiente para que aprecies mais o sol;
Te desejo alegria o suficiente para manter seu espírito vivo;
Te desejo um pouco de sofrimento para que as pequenas alegrias na vida aparentem ser muito maiores;
Te desejo ganhos e benefícios suficientes para que satisfaça sua espera;
Te desejo perdas para que aprecie tudo o que ganhar;
Te desejo 'Olás' para levá-lo ao 'Tchau'.

Então ele soluçou e se foi

Poema de aniversário

Porque fizeste anos, Bem-Amado, e a asa do tempo roçou teus cabelos negros, e teus grandes olhos calmos miraram por um momento o inescrutável Norte...



Eu quisera dar-te, ademais dos beijos e das carícias, tudo o que nunca foi dado por uma mulher ao seu Amado, eu que tão pouco posso te ofertar.



Quisera dar-te, por exemplo, o instante em que nasci, marcado pela fatalidade de tua vinda. Verias, então, em mim, na transparência do meu peito, a sombra de tua forma anterior a ti mesmo.



Quisera dar-te também o mar onde nadei menina, o tranqüilo mar de ilha em que perdia e em que mergulhava, e de onde trazia a forma elementar de tudo o que existe no espaço acima – estrelas mortas, meteoritos submersos, o plancto das galáxias, a placenta do Infinito.



E mais, quisera dar-te as minhas loucas carreiras à toa, por certo em premonitória busca de teus braços, e a vontade de grimpar tudo de alto, e transpor tudo de proibido, e os elásticos saltos dançarinos para alcançar folhas, aves, estrelas – e a ti mesmo, luminoso Amado, a derramar claridade em mim menina.



Ah, pudesse eu dar-te o meu primeiro medo e a minha primeira coragem; o meu primeiro medo à treva e a minha primeira coragem de enfrentá-la, e o primeiro arrepio sentido ao ser tocada de leve pela mão invisível da Morte.



Gostaria de dar-te, Amado, aquela madrugada em que, pela primeira vez, as brancas moléculas do papel diante de mim dilataram-se ante o mistério da poesia subitamente incorporada; e dá-Ia com tudo o que nela havia de silencioso e inefável - o pasmo das estrelas, o mudo assombro das casas, o murmúrio místico das árvores a se tocarem sob a Lua.



E também o instante anterior à tua vinda, quando, esperando-te chegar, relembrei-me adolescente naquela mesma cidade em que te encontrava anos depois; e a certeza que tive, ao te olhar, da fatalidade insigne do nosso encontro, de que eu estava, de um só golpe, perdida e salva.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

O SEGREDO DO CASAMENTO!!!

Meus amigos separados não cansam de me perguntar como eu consegui ficar casado trinta anos com a mesma mulher. As mulheres, sempre mais maldosas que os homens, não perguntam a minha esposa como ela consegue ficar casada com o mesmo homem, mas como ela consegue ficar casada comigo.

Os jovens é que fazem as perguntas certas, ou seja, querem conhecer o segredo para manter um casamento por tanto tempo.
Ninguém ensina isso nas escolas, pelo contrário.

Não sou um especialista do ramo, como todos sabem, mas, dito isso, minha resposta é mais ou menos a que segue...

Hoje em dia o divórcio é inevitável, não dá para escapar. Ninguém agüenta conviver com a mesma pessoa por uma eternidade. Eu, na realidade, já estou em meu terceiro casamento - a única diferença é que me casei três vezes com a mesma mulher.
Minha esposa, se não me engano, está em seu quinto, porque ela pensou em pegar as malas mais vezes do que eu.

O segredo do casamento não é a harmonia eterna. Depois dos inevitáveis arranca-rabos, a solução é ponderar, se acalmar e partir de novo com a mesma mulher.

O segredo no fundo, é renovar o casamento, e não procurar um casamento novo. Isso exige alguns cuidados e preocupações que são esquecidos no dia-a-dia do casal. De tempos em tempos, é preciso renovar a relação. De tempos em tempos, é preciso voltar a namorar, voltar a cortejar, voltar a se vender, seduzir e ser seduzido.

Há quanto tempo vocês não saem para dançar?
Há quanto tempo você não tenta conquistá-la ou conquistá-lo como se seu par fosse um pretendente em potencial?
Há quanto tempo não fazem uma lua de mel, sem os filhos eternamente brigando para ter a sua irrestrita atenção?

Sem falar nos inúmeros quilos que se acrescentaram a você, depois do casamento. Mulher e marido que se separam perdem 10 quilos num único mês, por que vocês não podem conseguir o mesmo? Faça de conta que você está de caso novo. Se fosse um casamento novo, você certamente passaria a freqüentar lugares desconhecidos, mudaria de casa ou apartamento, trocaria seu guarda-roupa, os discos, o corte de cabelo e a maquiagem. Mas tudo isso pode ser feito sem que você se separe de seu cônjuge.

Vamos ser honestos: ninguém agüenta a mesma mulher ou marido por trinta anos com a mesma roupa, o mesmo batom, com os mesmos amigos, com as mesmas piadas.
Muitas vezes não é sua esposa que está ficando chata e mofada, são os amigos dela (e talvez os seus), são seus próprios móveis com a mesma desbotada decoração.
Se você se divorciasse, certamente trocaria tudo, que é justamente um dos prazeres da separação. Quem se separa se encanta com a nova vida, a nova casa, um novo bairro, um novo círculo de amigos.

Não é preciso um divórcio litigioso para ter tudo isso. Basta mudar de lugares e interesses e não se deixar acomodar. Isso obviamente custa caro e muitas uniões se esfacelam porque o casal se recusa a pagar esses pequenos custos necessários para renovar um casamento. Mas, se você se separar, sua nova esposa vai querer novos filhos, novos móveis, novas roupas, e você ainda terá a pensão dos filhos do casamento anterior.

Não existe essa tal "estabilidade do casamento", nem ela deveria ser almejada. O mundo muda, e você também, seu marido, sua esposa, seu bairro e seus amigos.
A melhor estratégia para salvar um casamento não é manter uma "relação estável", mas saber mudar junto. Todo cônjuge precisa evoluir, estudar, aprimorar-se, interessar-se por coisas que jamais teria pensando fazer no início do casamento.
Você faz isso constantemente no trabalho, por que não fazer na própria família? É o que seus filhos fazem desde que vieram ao mundo.

Portanto, descubra o novo homem ou a nova mulher que vive ao seu lado, em vez de sair por aí tentando descobrir um novo e interessante par. Tenho certeza de que seus filhos os respeitarão pela decisão de se manterem juntos e aprenderão a importante lição de como crescer e evoluir unidos apesar das desavenças. Brigas e arranca-rabos sempre ocorrerão: por isso, de vez em quando é necessário casar-se de novo, mas tente fazê-lo sempre com o mesmo par.


[Stephen Kanitz é administrador por Harvard]